Não é novidade uma narrativa constituída por personagens que se apaixonam por objetos inanimados. Desde o clássico Pigmalião (que se apaixonou pela escultura que ele mesmo criou), até Her, que é um filme moderno e extremamente contemporâneo em sua abordagem e temática.
Atualmente, os recursos tecnológicos que usufruímos se customizam ajudando a criar um ambiente não só autista, mas solipsista, onde o mundo exterior é definido a partir da própria experiência pessoal.
O diretor Spike Jonze, também conhecido pelo seu filme “Quero Ser John Malkovich”, já debateu a questão da falta de comunicação e autismo nas relações interpessoais, onde o outro não é nada mais do que um avatar através podia-se fantasiar uma vida de segunda mão.
Freud estudou sobre “O estranho” a partir dos Contos de Hoffman, onde o personagem principal se apaixona por uma mulher misteriosa, só que a mulher não era real, e sim uma boneca. O estranhamento, no caso, é entender que algo tem, simultaneamente, um elemento familiar e um elemento desconhecido. Outro exemplo se dá na Bíblia, onde Moisés foi encarregado de castigar os adoradores de estátuas.
A partir de critérios de gênero, raça, religião, classe, hábitos, capitais culturais e afins é feito o estabelecimento de “regras” sobre “quem” podemos nos apaixonar sem parecermos esquisitos. Porém, os relacionamentos virtuais se integram a realidade social das pessoas de forma normalizada, sendo visto como apenas mais uma forma de relacionamento.
O pesquisador Erick Felinto destaca a importante característica sedutora nos relacionamentos através do ciberespaço: a sensação de liberdade, que não se trata apenas de mobilidade, mas da possibilidade de moldar o espaço circundante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário